Quando fui Pardal

Voei para longe, para o meu já conhecido bosque. Parecia-me que ali, talvez, fosse o melhor sítio para me abrigar, entre pássaros como eu.
Já estava lá a chegar quando me apareceu, vindo não sei donde, um falcão que me pareceu assustadoramente grande e que me perseguiu, calculo com que intenções… Às tantas, estava com tanta fome como eu!…
Com o coração quase a saltar do peito, bati as asas o mais rápido e forte que pude, tentando escapar-lhe. Mas ele perseguia-me, impiedosamente. E não poderia chamar-lhe selvagem e assassino por me querer comer, pois compreendi que tudo isto pertence ao ciclo da vida. Uns matam para comer para assim poderem continuar vivos. É a tão falada lei da sobrevivência. Vence o mais forte. E eu sabia bem demais que entre ele e eu, o falcão era o mais forte… Pelo menos, os animais não matam só por matar, como eu e muitos outros fazem…
De repente e para minha grande admiração, quando o falcão já me estava quase a apanhar, surgiu um pássaro não sei de onde e bicou-o, corajosamente, no rabo, desviando-lhe a atenção. Fiquei tão atarantado que mal consegui perceber quem era. Desta vez escapara por pouco. Escondi-me entre as ramagens de uma árvore, todo a tremer e mais branco que um fantasma, certamente.

Comments are closed.