Naquele momento ouviu-se um gemido. O templário estremeceu e olhou à sua volta. O horrível rosto esticou-se ainda mais para fora, parecendo querer alcançar o dono do gemido e devorá-lo.
O templário conseguiu arrastar-se até um monte de corpos. Ajoelhou-se e foi-os afastando uns dos outros, com uma expressão dolorosa no rosto. Chegou finalmente ao último. Abanou-o a medo e incrédulo.
— Irmão Lucas, estais vivo…?!
Um jovem de profundos olhos azuis claros, cabelos e barba castanhos abriu os olhos. Sobressaltado, olhou em seu redor, estremecendo ao ver a multidão de cavaleiros mortos espalhados por aquele imenso salão.
— Mortos! Estão todos mortos!
O outro homem fez um silêncio comovido.
— Estais ferido, irmão?
— Parece que não, mestre… Não cheguei a desembainhar a espada. Não sei o que aconteceu. De repente os meus companheiros caíram-me em cima e eu quase sufoquei com o peso deles — disse ele, com o rosto muito pálido ao ver todos aqueles rostos sem vida, alguns ainda com os olhos abertos.
O velho por momentos ficou em silêncio, perdido em sombrios pensamentos.
— Conseguimos, mestre?… — perguntou o jovem a medo. Fixou as portas, com o susto estampado nos olhos.
— Sim, mas a que custo, à custa da vida de centenas de irmãos…
— O que aconteceu, mestre? Por que fomos dizimados?
— Cometemos um erro terrível, irmão. Agora é que vejo isso. Não devíamos ter combatido o Mal com a violência e o ódio. Mal desembainhámos as espadas, o Maldito virou-as contra nós. Vês? Até eu estou ferido… — disse, mostrando-lhe a ilharga da túnica ensanguentada. Deu um profundo suspiro, cansado. — Espera-nos a nós, templários, tempos difíceis e teremos de velar para que a Humanidade nunca deixe de existir. Vou incumbir-vos de uma missão muito importante para o destino do Mundo, irmão Lucas. Eu já não vos posso ajudar.