“Aquelas pestes refastelando-se no sofá, sem fazerem nada! Se pudesse, partia-lhes a cara! Grandes estafermos! Ainda por cima queriam ficar-me com o medalhão!… Podem esperar sentados, ou melhor ainda, deitados… Só o terão no dia de S. Nunca à tarde…”
Limpou as mãos a um pano e abriu o caixote do lixo, retirando o saco lá de dentro e atando-o.
Saiu e dirigiu-se para o contentor do lixo, atirando o saco lá para dentro.
Nisto, experimentou uma sensação alarmante. O medalhão aquecera imenso e quase lhe queimava o peito. De súbito sentiu que algo ou alguém o espiava!
Voltou-se bruscamente e olhou em todas as direcções.
A noite estava escura e a lua não se via. Dois dos candeeiros da iluminação pública estavam apagados. Pareceu-lhe ver um vulto esconder-se por trás de um desses postes e essa desconfiança fez-lhe disparar o coração no peito.
Por momentos sentiu-se paralisado.
De repente esse vulto saiu das sombras e ele sobressaltou-se ainda mais. Era alto e magro, vestido de escuro. Um casaco com capuz escondia-lhe o rosto.
Por algum tempo permaneceu especado olhando para ele e Fernão sentiu um arrepio de medo percorrer-lhe a espinha.
Subitamente rodou nos calcanhares e deu uma corrida para casa, com o coração quase a sair-lhe pela boca.
Era um daqueles que o seguiam, tinha a certeza! Só podia ser!